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Morreu Mauricio Kagel

O Público cita Luis Tinoco e Eurico Carrapatoso para nos dar a triste notícia do desaparecimento do compositor argentino Mauricio Kagel, a 18 de Setembro, com 76 anos. 

“Alguns compositores conseguem destacar-se por serem únicos, por terem uma voz que é diferente, singular, e eu [L Tinoco] acho que o Kagel é um deles".

Para Eurico Carrapatoso, a postura "estética radical e por vezes violenta" de Mauricio Kagel permite comparar o compositor ao pintor Francis Bacon.

Duas perspectivas entre a multiplicidade de enquadramentos possíveis para destacar a obra de um dos compositores mais importantes dos últimos 50 anos. " O melhor músico europeu é Argentino", disse John Cage referindo-se a Mauricio Kagel, nascido a 24 de Dezembro de 1931 em Buenos Aires mas residente na Alemanha desde  1954. 

A originalidade de Kagel é reflexo do seu estatuto de outsider. Muito menos conhecido do que os nomes grandes da música do seu tempo - Stockhausen, Boulez, Berio, Ligeti ou Xenakis, Kagel não estudou formalmente composição, nunca frequentou um conservatório, mas antes estudou filosofia e literatura na Universidade de Buenos Aires, tendo sido aluno de Jorge Luis Borges. 

Criador do "teatro instrumental", afirmava que a música não poderia dissociar-se do elemento teatral. Gestos, movimento e cenografia são elementos intrínsecos ao seu discurso musical.

"Todos los elementos del teatro pueden tratarse como si fueran fuentes de sonido de una orquesta, pero lo importante del teatro instrumental es que la acción sucede con los instrumentos en la mano. La acción de producir música se convierte en hecho teatral", disse em 1990 em entrevista ao El País

Recordamos com emoção os 22ºs Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea que em 1998 homenageavam Mauricio Kagel. Em particular, apelamos à memória para voltar a viver uma das sessões de Mare Nostrum, programa incluido no Festival dos 100 Dias da Expo 98, em que o humor radical de Kagel narra a história imaginária dos descobrimentos marítimos europeus contada... no sentido inverso. 

Kagel compôs para orquestras, escreveu peças para voz, piano e música de camara, musicou filmes e montou peças de teatro. Realizou filmes, escreveu peças radiofónicas. A sua imensa obra é intemporal. Estamos muito a tempo de a descobrir.

















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