Skip to main content

Crónicas Portuguesas

Vou falar-lhes de um Reino Maravilhoso. Embora haja muita gente que diz que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. [Miguel Torga, Portugal]

As duas irmãs, 1983, Georges Dussaud


As "Crónicas Portuguesas", 25 anos de Fotografia de Georges Dussaud em Portugal, expostas no Centro Português de Fotografia, são a retrospectiva de um fotógrafo francês que há um quarto de século se aproximou e estabeleceu contacto, encontro e empatia com as gentes do nosso Portugal.

Pessoas naturais, verdadeiras e simples que aceitaram quem com elas quiz viver, olhar de perto e fotografar. 25 anos de trabalhos fotográficos, com especial destaque para Trás-os-Montes na década de 80 do sec. XX, mas também alguns registos do projecto Europa Rural 93 encomendado pelos Encontros de Fotografia de Coimbra ou visitas posteriores de Dussaud a outras regiões e com outras gentes.

Um olhar sobre um país perfeitamente assimétrico, fixando instantes que testemunham uma evolução social e física de Portugal a ritmos distintos, de região para região. Pessoas anónimas que comem o que a terra lhes dá, que riem em grupo ou choram sozinhas o seu destino. Muitos miúdos que entretanto cresceram e tiveram de fugir do Interior para o Litoral ou partir em busca de uma outra Europa, outra vida, noutro país. Uma Lisboa tristonha no preto e branco das imagens. Mais, muito mais. Mais do nosso fado. Passado recente, realidade e muita verdade.

O tocador de flauta, 1980, Georges Dussaud

Não me escondo atrás de uma teleobjectiva. Aproximo-me das pessoas. E isso é muito bom, porque possibilita a experiência do encontro. Faço fotografia de contacto, de afectividade com as pessoas. - Sérgio Andrade entrevistou Georges Dussaud para o jornal Público, a propósito da inauguração da exposição patente na Cadeia da Relação.


Cheguei a um país de céu denso, de vento, de chuva, de praias brumosas onde se apanha o sargaço; de aldeias com casas de granito, de gândara e de grandes rochedos gastos pelo vento, de pequenos campos de centeio rodeados por pedras nuas. Aqui, vêem-se grandes rebanhos de carneiros e de cabras, de vacas castanhas com cornos enormes em forma de lira. Para se protegerem do frio e da chuva, homens e mulheres usam, ainda, capas de palha e feltro castanho. Descobri pessoas naturais, verdadeiras, que aceitam com simplicidade que eu viva com elas para as fotografar. [Georges Dussaud, Encontros de Fotografia, 1995]

Retrospectiva de Georges Dussaud, Centro Português de Fotografia, Porto - Até 16 de Setembro

[PS. A Srª Ministra da Cultura prometeu a edição de um catálogo da retrospectiva de Dussaud. Aguardemos pacientemente o fim do Verão...]

Comments

Popular posts from this blog

The Clockworks, Mayday Mayday

Mayday Mayday, the latest from The Clockworks, a four-piece Irish post-punk band from Galway, Ireland, now based in London. Formed in 2019, the band consists of James McGregor (vocals and guitar), Sean Connelly (guitar), Damian Greaney (drums), and Tom Freeman (bass).  One of the most exciting new bands in the post-punk scene, a blend of indie rock and garage rock, with driving guitars and catchy melodies, currently working on their debut album. The Clockworks are a young band with a lot of potential, helping to bring Irish rock back to the forefront. Stay tuned!   

Iain McKell, "New Gypsies"

"Historically despised the new Gypsies are there by choice, not heritage. Unrelated to the Roma, the movement began in 1986 when a group of Post-Punk Anti-Thatcher protesters headed out of London into the English countryside. McKell followed these New Age Travellers to the West Country and over the years he watched them become a hybrid tribe - the new gypsies - present-day rural anarchists, living the subversive lifestyle in elaborately decorated horse-drawn caravans." Iain McKell, "New Gypsies"

New Order - Video 5-8-6 [Extended 22:23 version]

“Video 5 8 6” is a song originally composed as “pap” (as Tony Wilson put it) for the opening night of the Haçienda on May 21, 1982. Parts of this pearl would become the basis for the Power, Corruption & Lies tracks “5 8 6” and “Ultraviolence”, as well as the associated 12-inch single “Blue Monday”.